domingo, 18 de janeiro de 2015

12 Anos de Escravidão - à Previdência Privada...




Esse mês coloquei um ponto final em mais uma bestagem de investimento que não valeu a pena: previdência privada.
 

O tempo passou depressa e o prejuízo também. Olhando uns papéis antigos, vi que tudo começou em novembro de 2002, há 12 anos atrás. E o que me veio a mente foi o titulo desta postagem, inspirado no filme ganhador do Oscar que ainda não vi, mas cujo roteiro pelo visto é bem interessante...
 

Naquela época previdência privada era o investimento do momento. Sim, porque poucos pensavam realmente em aposentadoria, mas sim nos ganhos interessantes acima de outros investimentos e sem tributação.
 

Comecei tirando dinheiro da poupança e colocando R$ 3.000,00 como aporte único num plano de previdência 100% renda fixa – PGBL. Logo de cara foi cobrada uma taxa de carregamento de uns 3%, mas eu nem liguei, o ganho futuro compensaria. Não fiz contribuições mensais.
 

Uns 3 meses depois comecei a comparar esse plano com outros que tinham percentual de renda variável: 15% e 30%. Se não me engano, 2003 foi aquele ano maluco em que a bolsa subiu uns 100%, e é claro que isso bombou a rentabilidade desses fundos de previdência. Fiz mais um, com 15% de R.V. aplicando uns R$ 4.500,00. Passados mais 8 meses, fiz um terceiro, com 30% de R.V., mais R$ 5.350,00... como vocês devem imaginar, naquela época tudo isso era um bom dinheirinho...(hoje um pouco menos, mas não é de se jogar fora...). E não se esqueça da “taxa de carregamento” que carregou mais 3% de cada aporte.
 

Pelo visto muita gente andou fazendo a mesma coisa para resgatar os valores no curto prazo o que abriu os olhos gordos do governo. Em 2004 ou 2005, já não lembro bem, foram anunciadas novas medidas. Todo resgate em previdência privada passaria a ser tributado com Imposto de Renda. O cliente deveria fazer a opção – definitiva – pelas tabelas Progressiva ou Regressiva.
 

Na tabela progressiva, o I.R é de 15% do montante resgatado, mas com a possibilidade de receber de volta esse valor na declaração de imposto de renda no ano seguinte. Na tabela regressiva, mais indicada para o longo prazo, a tributação é apenas sobre o rendimento dos valores aplicados, sendo o percentual alto nos primeiros anos e menor a medida que o tempo passa; e essa tributação é definitiva, ou seja, não dá pra ter de volta na declaração de I.R.
 


Tabela Regressiva
Prazo de acumulação dos Recursos

Alíquota definitiva na fonte

Até 2 anos

35%

Superior a 2 e inferior ou igual a 4 anos

30%

Superior a 4 e inferior ou igual a 6 anos

25%

Superior a 6 e inferior ou igual a 8 anos

20%

Superior a 8 e inferior ou igual a 10 anos

15%

Superior a 10 anos

10%

 

Um balde de água fria. 

Na época cometi o erro de escolher a tabela progressiva, pois ganhava um salário baixo e concluí que poderia restituir todo o imposto na declaração de I.R. num resgate futuro. Mas aí é que estava a armadilha: futuro. No futuro, a tendência é que a pessoa progrida, consiga um emprego melhor, bem remunerado, aumente sua renda e... passe a pagar mais imposto, não restituí-lo. É a minha situação atual. 

Ao procurar o banco para me informar sobre esses detalhes em 2005, acabei foi fazendo mais um plano. Desta vez um VGBL de R$ 3.000,00. A diferença é que o VGBL não tem dedução fiscal, é mesmo como um fundo de investimento comum, a pessoa resgata depois pagando 15% de I.R. sobre os rendimentos. Talvez meu único caso de pequeno sucesso nesse assunto de previdência privada, foi resgatado em 2011 com um lucro de uns R$ 1.100,00 a mais do que haveria se deixado na caderneta de poupança. 

O segundo balde de água fria veio naturalmente com a crise de 2008 na bolsa que afetou bastante os rendimentos dos fundos com renda variável. Depois começou a haver a marcação a mercado dos ativos de renda fixa que compunham os fundos de previdência, o que deixou o rendimento ainda menor. Pra se ter uma ideia, o fundo de 100% renda fixa em 2011 rendeu 8,8%. Em 2012 = 6,5%. Em 2013 = 4,0%. 

Essa foi a gota d’água. No começo de 2014 resgatei o fundo de renda fixa, e agora em 2015 os últimos dois fundos compostos com renda variável. Fiz isso em dois anos-calendarios diferentes na esperança de amenizar um pouco o efeito do imposto de Renda.

 
No final das contas ficou assim:
 

FUNDO DE RENDA FIXA

Capital de 3.000,00 em 11/2002

Montante que haveria na caderneta de poupança = 6.940,00

Montante liquido resgatado em 01/2014, descontado do I.R. = 7.572,00

Diferença =  + 632,00 

 

FUNDO COM 15% DE RENDA VARIAVEL

Capital de 4.500,00 em 02/2003

Montante que haveria na caderneta de poupança = 10.951,00

Montante liquido resgatado em 01/2015, descontado do I.R. = 10.245,00

Diferença =  - 706,00 

 

FUNDO COM 30% DE RENDA VARIAVEL

Capital de 5.350,00 em 10/2003

Montante que haveria na caderneta de poupança = 12.100,00

Montante liquido resgatado em 01/2015, descontado do I.R. = 10.890,00

Diferença =  - 1.210,00 

 

Em suma, foram 12 anos de escravidão a previdência privada, grande perda de tempo e dinheiro. A taxa de administração desses fundos é bem alta (3% ao ano) sem falar nas malditas taxas de carregamento, isto é, o Banco sempre ganha com isso, independente do cenário da economia. Intervenções do governo sempre podem afetar esse tipo de investimento, como de fato aconteceu com o I.R. e a marcação a mercado dos títulos públicos. Mas enfim, agora estou livre disso.
 

* É bom fazermos aqui uma distinção entre previdência privada que os bancos oferecem e os fundos de pensão, ou previdência complementar, em que o empregado contribui com uma parte e a empresa com outra. Esse último ainda constitui um bom negócio, com moderação é claro.
 

É, realmente ninguém prospera com previdência privada...a propaganda é sutil e persuasiva, mas no fim das contas é uma armadilha.

Se é pra ser escravo de alguma aplicação, meu conselho é ficar na poupança mesmo.


***** Ferramenta útil = Calculadora Histórica da poupança da ABECIP:

http://www.abecip.org.br/imagens/conteudo/calculadorapoupanca/calculadora_da_poupanca.xls

 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Papai Noel Magrinho em Dezembro


Saudações pra todo mundo, já estamos em 2015...legal. 

Muitos esperavam um rali de fim de ano na Bolsa, só esqueceram de combinar com o mercado. Dezembro acabou sendo o mês do Papai Noel magrinho, com bolsa despencando e uma noticia ruim atrás da outra.




As carteiras de todo mundo, eu acho, ficaram negativas esse mês. Inclusive os profissionais acabaram errando feio em dezembro. Por exemplo, como correntista do Bradesco tenho acesso aos relatórios de carteiras recomendadas entre outros que eles fazem, a das ações que eles recomendaram, creio que nenhuma subiu esse mês...mas faz parte do jogo, acontece.


Lá pelo dia 15 e 16/12 o índice Ibovespa operava em torno de 48.000 pontos deixando vários ativos a preços atraentes, mas quem disse que eu tinha dinheiro pra aproveitar? Recebo no dia 20, sendo nesse último mês adiantado para o dia 18, mas aí a Bolsa já começou a se recuperar um pouco. 

Depois que o dinheiro apareceu adquiri/aumentei posição em Cemig, Taesa, Sabesp, Alupar e Metal Leve. Estou chegando a conclusão de que é melhor priorizar empresas que pagam maiores dividendos, mesmo que as cotações andem meio que de lado por um certo tempo.


A rentabilidade da carteira de ações ficou negativa em -7,50%, e no consolidado em -2,01%.  

Abaixo o resumão da Carteira de ações, rentabilidade geral e proventos recebidos – fechei o ano com R$ 4.693,54, o que salvou um pouco a situação.
 
 


Para 2015 vou tentar ser mais efetivo em reaplicar esses proventos recebidos e fazer aportes mensais constantes. Vou ficar mais alerta também pra não cair em armadilhas de empresas problemáticas.  

Apesar do ajuste fiscal, do aumento de impostos (pensaram até em taxar LCI/LCA) e de mais um ano de crescimento baixo, talvez ainda tenhamos um rali da bolsa melhor do que esse: