domingo, 26 de abril de 2015

Poupança seca e a Caixa aperta o Crédito


Uma notícia ruim para construtoras e todo o mercado de crédito imobiliário. Especialmente pra quem pretende comprar um imóvel financiado pelo Caixa Econômica Federal. Essa semana li um email de um amigo destinado a correspondentes do Banco que operam crédito de imóveis, chamados de correspondentes Caixa Aqui. A partir de 4 de maio a Caixa irá reduzir a cota máxima de financiamento de imóveis de 90% para 50%.
 

Considerando que é a instituição líder em credito de imóveis com cerca de 70% do mercado, o baque será grande para clientes e construtoras.
 

Essa redução afeta “apenas” os financiamentos com recursos da caderneta de poupança. O banco os chama de “SBPE” e financiam imóveis mais “caros”, geralmente acima de R$ 170.000,00 ou R$ 190.000,00 dependendo da capital. Os financiamentos com recursos do FGTS, usados em moradias mais populares, abaixo destes valores acima, não serão afetados. É o caso do Minha Casa Minha Vida, que é em grande parte subsidiado pela União – isto é, nossos impostos.
 

A inflação alta e as conseqüentes altas da Selic realmente não devem estar ajudando a Caixa que costuma ter taxas de juros mais razoáveis para financiamentos. O Banco aumentou suas taxas de juros já por duas vezes esse ano para os financiamentos SBPE.

Outro detalhe sobre esse tipo de empréstimo que passou despercebido pela imprensa em geral foi o aumento da tarifa de contratação cobrada pelo banco estatal de seus clientes. Segundo a tabela de tarifas da Caixa, passou de R$ 800,00 para R$ 2.200,00, meros 175% de aumento!
 

Porém juros mais altos não representavam um grande problema pra quem tem renda maior e conseguisse arcar com um percentual de financiamento grande, 80% ou 90% do valor do imóvel. Mas, reduzir a cota máxima obrigatoriamente pra 50% no caso de imóveis residenciais vai estragar os planos de muita gente. Alguém que planejava por exemplo comprar um imóvel de R$ 250.000,00, financiando R$ 200.000,00 – 80% do valor – agora vai ter que arranjar de toda forma R$ 125.000,00 e financiar a outra metade.
 

Por que uma decisão tão drástica?
 

É só comparar os números e ver as notícias recentes envolvendo a caderneta de poupança:

RENDIMENTO = 0,63% ao mês

INFLAÇÃO = 1,20% ao mês

 
O resultado disso: 

“Poupança tem em março a maior retirada mensal desde 1995”


 
“Captação líquida da poupança cai 66% em 2014”


 

Não tem como fazer milagre. A Caixa está ficando sem dinheiro pra emprestar, já que a poupança é a principal fonte de recursos para o crédito imobiliário e as LCI oferecidas por ela também não dão conta da demanda sempre alta por esse tipo de crédito.
 

É a fuga de recursos da poupança, motivada por rendimento ruim e pelas despesas maiores que as pessoas estão tendo com a inflação alta.
 

Isso talvez abra uma janela de oportunidade para outros Bancos abocanharem uma fatia maior do mercado de credito imobiliário, já que continuarão financiando 70, 80 ou até 90% do preço dos imóveis para os clientes.
 

Curiosamente a Caixa iniciou essa semana sua série tradicional de Feirões da Casa Própria, fazendo questão de dizer que o foco desses são as “moradias populares”, exatamente aquelas financiadas com recursos do FGTS e que não são afetadas por essas mudanças. (detalhe: hoje a CEF é presidida por Mirian Belchior, a ex-ministra do planejamento no primeiro mandato do governo da madame; pelo visto não planejava nada...)
 

Para os adeptos de teorias conspiratórias, seria isso a faísca para o começo do estouro de uma suposta bolha imobiliária no país?


Já faz cerca de um ano que tirei praticamente tudo que tinha na poupança e devo dizer que não sinto saudade nenhuma dela. E acho que não sou o único.

 

 

sábado, 4 de abril de 2015

Um Mês Mais ou Menos





Olá a todos, um mês bem mais ou menos esse de março, com economia se deteriorando, manifestações e panelaços, e até o ministro da Educação chutando o balde com força... Mas o importante é termos saúde, certo?
 

Esse mês a carteira de ações variou quase estável a – 0,23%. Fiz alguns giros bem significativos, vendendo alguns lotes de GETI4, CMIG4, SBSP3  e PSSA3 cujas quantidades achei um pouco exageradas na carteira. Mas a venda de Porto Seguro reconheço que foi precipitada, a intenção agora é recomprar um pouco mais dela no médio prazo.
 

Em compensação aumentei posição em Bradesco (pela bonificação), BB (tava barato), Ecorodovias (pela conquista da ponte Rio-Niterói, apesar do preço baixo), Vale (essa foi por dó mesmo) e adicionei mais duas “figurinhas” na carteira: BRSR6 e KEPL3, somando 21 papéis.
 

No consolidado crescimento modesto de + 0,64%. No momento 32% em Renda Variável e 68% em Renda Fixa (LCI, LCA e Letra de Câmbio).
 

Agora é entrar em Abril com força, resultados, bonificações e dividendos pipocando pra todos nós. Abraços a todos.
 
 

domingo, 8 de março de 2015

Que Inflação é essa?




Olá a todos, postagem com um certo atraso do resultado do mês.  

Estão assustados com a inflação? Eu estou, que inflação é essa??? 


1,22% em fevereiro  *  1,24% em janeiro *   7,70% em 12 meses!!!   

E veja que estamos falando do índice OFICIAL, que considera tudo, do mais básico ao mais supérfluo. Se formos considerar os itens mais básicos, como alimentos, energia, combustível, transporte público... é de cair pra trás. Há vários anos não víamos números tão ruins. E olha que nem comentei sobre o dólar acima de R$ 3. 

Enquanto isso, a tabela do IR é reajustada em míseros 4,5%, forçando trabalhadores a pagar mais imposto. 

Com uma inflação tão alta assim, nossa noção de rentabilidade de investimentos fica até um pouco prejudicada. A poupança que deveria ao menos proteger o dinheiro da inflação nem mais consegue fazer isso pagando 0,6% ao mês. Outros investimentos em renda fixa também são prejudicados. Espero que essa farra da inflação acabe logo, para o bem do nosso país. 

Esse mês de fevereiro uma certa recuperação, com a carteira de ações subindo 10,46%. No consolidado + 3,59%, fazendo um rearranjo em renda fixa: aporte de R$ 50.000,00 em LCI pagando 92% para 90 dias.
 
 

Um pouco cauteloso com a RV por enquanto. Está difícil achar alguma ação ou algum setor que não seja vítima de notícias ruins que afetam a rentabilidade das empresas. Mas para não passar em branco, aumentei posição em Cielo, Alupar e Ecorodovias. Vamos continuar com o radar ligado.  

Abraços a todos.
 
 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Mês do remédio, do cigarro e da cerveja


Imagine um sujeito que tenha levado uma bela duma surra e que tenha sido largado na sarjeta. Se tiver algum juízo, procuraria uma farmácia pra comprar alguns curativos e medicamentos. E pra acalmar os ânimos talvez descontasse tudo num cigarrinho e numa garrafa de cerveja...
 
 
 
Essa ilustração mal feita talvez mostre bem o que foi esse mês de Janeiro para o mercado. É só olhar as ações que tiveram maior alta no mês:
 

HYPE3 = REMEDIOS = 9,49%

CRUZ3 = CIGARRO = 16,41

ABEV3 = BEBIDAS = 9,20%
 

Setores defensivos e geralmente estáveis que os investidores buscam na hora do aperto. E janeiro foi mesmo uma bela duma surra para a maioria de nós. De apagão a Petrolão, com direito a derrocada das companhias educacionais, déficit recorde das contas públicas, da balança comercial, demissões na indústria, aumento de juros e por aí vai...ou seja, o chicote comeu solto!
 

A carteira de ações fechou negativa em -7,75%. No consolidado uma queda mais modesta de -2,08% em função de um ajuste de rentabilidade numa aplicação de renda fixa resgatada no mês. Sai parte da letra de câmbio da Dacasa Financeira e entra LCI do Banco Intermedium remunerando 96% do CDI para 6 meses. 

Ainda no campo das ações, aporte de R$ 1.600,00 em PINE4: 3 dias antes do rebaixamento de rating por uma agencia internacional. Não parecia um bom momento de entrada olhando depois, mas no momento em que escrevo a coisa melhorou de situação. 

Vamos ver o que a temporada de balanços trará este mês... 

Segue abaixo os números.
 



Abraços a todos.

 

domingo, 18 de janeiro de 2015

12 Anos de Escravidão - à Previdência Privada...




Esse mês coloquei um ponto final em mais uma bestagem de investimento que não valeu a pena: previdência privada.
 

O tempo passou depressa e o prejuízo também. Olhando uns papéis antigos, vi que tudo começou em novembro de 2002, há 12 anos atrás. E o que me veio a mente foi o titulo desta postagem, inspirado no filme ganhador do Oscar que ainda não vi, mas cujo roteiro pelo visto é bem interessante...
 

Naquela época previdência privada era o investimento do momento. Sim, porque poucos pensavam realmente em aposentadoria, mas sim nos ganhos interessantes acima de outros investimentos e sem tributação.
 

Comecei tirando dinheiro da poupança e colocando R$ 3.000,00 como aporte único num plano de previdência 100% renda fixa – PGBL. Logo de cara foi cobrada uma taxa de carregamento de uns 3%, mas eu nem liguei, o ganho futuro compensaria. Não fiz contribuições mensais.
 

Uns 3 meses depois comecei a comparar esse plano com outros que tinham percentual de renda variável: 15% e 30%. Se não me engano, 2003 foi aquele ano maluco em que a bolsa subiu uns 100%, e é claro que isso bombou a rentabilidade desses fundos de previdência. Fiz mais um, com 15% de R.V. aplicando uns R$ 4.500,00. Passados mais 8 meses, fiz um terceiro, com 30% de R.V., mais R$ 5.350,00... como vocês devem imaginar, naquela época tudo isso era um bom dinheirinho...(hoje um pouco menos, mas não é de se jogar fora...). E não se esqueça da “taxa de carregamento” que carregou mais 3% de cada aporte.
 

Pelo visto muita gente andou fazendo a mesma coisa para resgatar os valores no curto prazo o que abriu os olhos gordos do governo. Em 2004 ou 2005, já não lembro bem, foram anunciadas novas medidas. Todo resgate em previdência privada passaria a ser tributado com Imposto de Renda. O cliente deveria fazer a opção – definitiva – pelas tabelas Progressiva ou Regressiva.
 

Na tabela progressiva, o I.R é de 15% do montante resgatado, mas com a possibilidade de receber de volta esse valor na declaração de imposto de renda no ano seguinte. Na tabela regressiva, mais indicada para o longo prazo, a tributação é apenas sobre o rendimento dos valores aplicados, sendo o percentual alto nos primeiros anos e menor a medida que o tempo passa; e essa tributação é definitiva, ou seja, não dá pra ter de volta na declaração de I.R.
 


Tabela Regressiva
Prazo de acumulação dos Recursos

Alíquota definitiva na fonte

Até 2 anos

35%

Superior a 2 e inferior ou igual a 4 anos

30%

Superior a 4 e inferior ou igual a 6 anos

25%

Superior a 6 e inferior ou igual a 8 anos

20%

Superior a 8 e inferior ou igual a 10 anos

15%

Superior a 10 anos

10%

 

Um balde de água fria. 

Na época cometi o erro de escolher a tabela progressiva, pois ganhava um salário baixo e concluí que poderia restituir todo o imposto na declaração de I.R. num resgate futuro. Mas aí é que estava a armadilha: futuro. No futuro, a tendência é que a pessoa progrida, consiga um emprego melhor, bem remunerado, aumente sua renda e... passe a pagar mais imposto, não restituí-lo. É a minha situação atual. 

Ao procurar o banco para me informar sobre esses detalhes em 2005, acabei foi fazendo mais um plano. Desta vez um VGBL de R$ 3.000,00. A diferença é que o VGBL não tem dedução fiscal, é mesmo como um fundo de investimento comum, a pessoa resgata depois pagando 15% de I.R. sobre os rendimentos. Talvez meu único caso de pequeno sucesso nesse assunto de previdência privada, foi resgatado em 2011 com um lucro de uns R$ 1.100,00 a mais do que haveria se deixado na caderneta de poupança. 

O segundo balde de água fria veio naturalmente com a crise de 2008 na bolsa que afetou bastante os rendimentos dos fundos com renda variável. Depois começou a haver a marcação a mercado dos ativos de renda fixa que compunham os fundos de previdência, o que deixou o rendimento ainda menor. Pra se ter uma ideia, o fundo de 100% renda fixa em 2011 rendeu 8,8%. Em 2012 = 6,5%. Em 2013 = 4,0%. 

Essa foi a gota d’água. No começo de 2014 resgatei o fundo de renda fixa, e agora em 2015 os últimos dois fundos compostos com renda variável. Fiz isso em dois anos-calendarios diferentes na esperança de amenizar um pouco o efeito do imposto de Renda.

 
No final das contas ficou assim:
 

FUNDO DE RENDA FIXA

Capital de 3.000,00 em 11/2002

Montante que haveria na caderneta de poupança = 6.940,00

Montante liquido resgatado em 01/2014, descontado do I.R. = 7.572,00

Diferença =  + 632,00 

 

FUNDO COM 15% DE RENDA VARIAVEL

Capital de 4.500,00 em 02/2003

Montante que haveria na caderneta de poupança = 10.951,00

Montante liquido resgatado em 01/2015, descontado do I.R. = 10.245,00

Diferença =  - 706,00 

 

FUNDO COM 30% DE RENDA VARIAVEL

Capital de 5.350,00 em 10/2003

Montante que haveria na caderneta de poupança = 12.100,00

Montante liquido resgatado em 01/2015, descontado do I.R. = 10.890,00

Diferença =  - 1.210,00 

 

Em suma, foram 12 anos de escravidão a previdência privada, grande perda de tempo e dinheiro. A taxa de administração desses fundos é bem alta (3% ao ano) sem falar nas malditas taxas de carregamento, isto é, o Banco sempre ganha com isso, independente do cenário da economia. Intervenções do governo sempre podem afetar esse tipo de investimento, como de fato aconteceu com o I.R. e a marcação a mercado dos títulos públicos. Mas enfim, agora estou livre disso.
 

* É bom fazermos aqui uma distinção entre previdência privada que os bancos oferecem e os fundos de pensão, ou previdência complementar, em que o empregado contribui com uma parte e a empresa com outra. Esse último ainda constitui um bom negócio, com moderação é claro.
 

É, realmente ninguém prospera com previdência privada...a propaganda é sutil e persuasiva, mas no fim das contas é uma armadilha.

Se é pra ser escravo de alguma aplicação, meu conselho é ficar na poupança mesmo.


***** Ferramenta útil = Calculadora Histórica da poupança da ABECIP:

http://www.abecip.org.br/imagens/conteudo/calculadorapoupanca/calculadora_da_poupanca.xls